Apoderou-se de mim uma enorme vontade de escrever... Não sei o que faço... Limito-me a saborear o prazer de premir as teclas do teclado enquanto vejo as letras materializarem-se à minha frente construindo um modelo da estupidez do meu pensamento presente.
(Foco-me na estupidez do que escrevo, qual naufrágo desesperado agarrado estupidamente a um pequeno galho, numa tentativa de não me afundar na estupidez que me envolve. Se me afogar em alguma, ao menos é nesta, que é minha.)
Não sei que escreva; não tenho nada que escrever. Pareço louco, mas tenho direito a sê-lo. Mais não seja pela estupidez que me envolve. Ou por aquela em que me afogo, que já não sei se é a minha ou a dos outros. É tudo a mesma coisa e ao mesmo tempo é tão diferente.
Não disse nada. Mas se nada tinha que dizer, tudo está bem. Apenas queria escrever. Já escrevi. Vou embora.
Contradições, ambiguidades, paradoxos, hesitações, antinomias, incertezas, erros, equívocos, enganos... disto é feito o mundo que me rodeia assim como eu mesmo...no fundo, não passamos de acordes dissonantes numa monumental mas desarmoniosa sinfonia...aqui vão apenas algumas "notas" d'aquém e d'além minh'alma para ajudar ao todo...
terça-feira, 23 de outubro de 2007
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
...de manhã...

Não, não sou uma aberração... Como a esmagadora maioria das pessoas normais, evito qualquer tipo de actividade cerebral pouco depois de acordar. Mas toda a regra tem excepção. E durante a sonolenta viagem que fazia a caminho da escola, lá semi-abri os olhos para que eles se enchessem duma inesperada beleza conseguida à custa do nevoeiro matinal, que mantinha o castelo, qual ilha, suspenso no alto sobre um mar de branco etéreo. E aquele sol tímido da manhã emprestava brilho ao conjunto e todas as gotas de água, suspensas no ar como que por magia, resplandeciam. E no horizonte distante, em contraste brutal e abrupto, reinavam as pacíficas trevas da noite onde o burburinho luminoso do despertar não chegara ainda. Voltei a fechar os olhos pelos escassos minutos que me restavam de viagem. Assim embalado pelo suave balanço do carro e envolvido pela aragem amena da sofagem, também algo dentro de mim exclamou, ao som delicioso do saxofone e da querida voz velha do roufenho Armstrong: "What a wonderful world!"
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