quinta-feira, 13 de setembro de 2007

LONDRES – Tomo I: “À Descoberta”

Tenho medo de fazer isto. Mas já era altura de me libertar deste fardo. Afinal já passou o quê (?), um mês e tal? É, já é tempo de pôr por escrito aquilo que ando a adiar à muito. Tenho de agradecer à Filipa, à minha mais que querida companheira de viagem, por ter tomado esta iniciativa no seu blog. Eu sigo-lhe o exemplo. Afinal, os amigos servem para isto, para partilhar o bom e o mau que nos acontece na vida…E como poderia eu deixar de partilhar convosco a, sob todos os aspectos, melhor experiência da minha vida?

Foram apenas duas semanas dirão muitos. Eu respondo que vivi e aprendi mais nessas duas semanas do que muitos em todo o tempo que por cá andaram. O objectivo, pelo menos o oficial, era aprofundar o meu conhecimento de inglês. No fim, saí de lá a falar inglês ainda melhor, com um francês já aceitável, com mais noções de italiano e a saber dizer alguma coisa de alemão, pelo menos o mais necessário, como por exemplo: Du hast shön blond haar und fantastisch blau augen! Acreditem: serve para qualquer rapariga alemã! ;) Mas muito mais do que as matérias académicas foram as pessoas, as situações, as descobertas, a interacção. Foram 15 dias de descoberta de mim mesmo numa situação em que nunca antes me encontrara (mas não me importarei de voltar a encontrar): uma autonomia e uma independência fantásticas. E não pensem que foi só a falta de pais. Foi o tudo ser desconhecido: a cama, o lugar, as pessoas, as escola, os colegas, os professores… Dá-te uma liberdade quase completa. Afinal ninguém te conhece mesmo! Qual é o problema de declamar “Os Lusíadas” em alto e bom som no meio de Oxford Street? E Piccadilly Circus é um lugar tão bom como outro qualquer para aprender a dançar, desde a valsa ao cha cha cha! Quanto ao cantar, num coro cheio de harmonia e vozes melodiosas, todo os géneros musicais, desde Muse a Toni Carreira, no metro, bem, tirando uns olhares reprovadores de perto de 99% dos transeuntes, não houve nada de mais! Foram 15 dias de descoberta de pessoas completamente novas, mas do mais fascinante! Todas à sua maneira tinham algo de diferente para contar, mostrar ou ensinar. E não há maneira melhor de aprender do que entre pessoal jovem a rir às gargalhadas do pavão, dos torneios de ping-pong, das calinadas da Chio, dos estereótipos culturais ou da falta de habilidade de alguém, muito provavelmente eu, para comer com pauzinhos.

Foram 15 dias de aventura diária, de viagens de autocarro sem destino conhecido, de encontros menos recomendáveis às 3 da manhã, de quilómetros e quilómetros percorridos no meio daquela atmosfera citadina, atarefada, estimulante. 15 dias que souberam a pouco, mas pelos quais agradeço todos os dias.

Como respondia a todos aqueles que vinham ter comigo e perguntavam: “Então e Londres, como foi?”; é impossível sintetizar uma tal experiência em meia dúzia de palavras, e daí o “Tomo I” no título. A medida que me for recordando das experiências lá vividas vou-as publicando aqui neste meu canto dissonante. Não na esperança de que vocês as leiam todas, mas numa necessidade de libertação. Foi bom, foi óptimo, foi do melhor que já me aconteceu. Mas passou. E agora coisas há que requerem atenção e preciso de fechar este livro para abrir o próximo. Espero retoma-lo no próximo Verão (a França espera-nos Filipa!). Afinal, as histórias só têm um ponto final definitivo quando lho querem por.
E esta?…bem…esta terá de viver sem ele!

2 comentários:

  1. Estás dentro do texto, o texto vive dentro de ti. E isso nota-se, sente-se.

    (Sabes que foi bom estar sempre em ti, enquanto estavas lá?)

    Muito bom ^^

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  2. sabes,o que mais me custou foi ter de fechar o livro e continuar como se tivessem sido somente umas férias em Londres. E não foram - tu sabes disso e eu sei também. Não sei se contigo é igual mas todos os dias - e juro que é verdade - me lembro de pequeninos pormenores que me fazem parar e sorrir, sair daqui, pairando até londres.
    E ainda bem que assim é porque, como te disse la, o meu maior medo é esquecer como tudo foi tão belo. Faz com que França esteja ao nosso alcançe,please.. Eu quero muito viver tudo de novo..

    ah, compreendo-te perfeitamente.. Cada palavra, suspiro ou mesmo interrogação. Obg pela companhia

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