segunda-feira, 12 de setembro de 2011

D'Além Meditação na Pastelaria: Esquerda, Direita e Moral

 Um comentário interessantíssimo de Manuel Vilarinho Pires a um poste igualmente interessante da Meditação na Pastelaria.

Tocou exactamente no ponto me faz, já bem passado dos 50 anos, achar aberrante ser de esquerda.
"Esquerda e Direita divergem. A última quase sempre por razões de fé, a primeira invocando razões de autonomia".
Não sei se é por razões de autonomia, que se poderiam também chamar de razões de liberdade.
A mim, parecem-me razões de moral. A esquerda acha imoral não ter a liberdade de escolher quando e como (abstraemo-nos das limitações que a natureza coloca) morrer. Como acha imoral ser impedido de exercer livremente a sua orientação sexual. Mas acha imoral a liberdade de exercício de actividade económica. Acha que esta liberdade conduz à libertinagem, ao abuso, e deve ser regulada. Receio partilhado pela direita no domínio da liberdade sexual, ou de morrer quando se entende, que também considera que devem ser reguladas para não cair na libertinagem. Por razões de moral. Não necessariamente de fé, mas certamente de moral.
Não é o respeito pela autonomia, ou pela liberdade, que distingue a direita da esquerda. É o quadro de referência moral que é diferente. Naquilo que receiam que a liberdade resulte mal, correm os dois a substituí-la pela regulação pelo Estado.
Pelo que também seria aberrante, já bem passado dos 50 anos, ser de direita.
Quem gosta de liberdade não pode ser de esquerda nem de direita.

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