sábado, 21 de abril de 2007

Uma viagem de comboio...

É incrível o que se consegue fazer durante uma única viagem de comboio...

Entramos com aquele brilho no olhar. Vinhamos felizes! Todavia, devido ao cansaço, atiramo-nos mais do que nos sentamos nos bancos, calhando-nos por companhia um senhor de meia-idade. Com o espírito e descaramento que tão bem nos conhecem, montamos um autentico piquenique no meio da carruagem onde insólitos manjares se revelaram: queijos frescos oferecidos no centro comercial, Golden Grahams e maçãs oferecidos na FIL; não se admirem: afinal, vida de estudante não é fácil! Escusado será dizer que tal "refeição" foi pautada pelo riso, pelo divertimento e pelos olhares desconfiados dos restantes passageiros. O nosso companheiro de viagem, contudo, parecia achar-nos graça e olhava-nos como se pensasse nostalgicamente na sua própria juventude...

Entabulamos conversa com ele a propósito de um livro das obras completas de Oscar Wild em inglês recém-adquirido na Bertrand. Perguntou se podia dar uma vista de olhos e comentou a estranheza que sentia ao ver pessoas da nossa idade interessarem-se por tais obras, ou melhor, pela literatura de todo...Pensamento legítimo e recorrente; infelizmente...

Após breve discussão sobre a profundidade de um dos poemas do livro que dissertava sobre o tempo, a letargia apoderou-se de nós devido à fadiga. E durante algum tempo a viagem decorreu assim, silenciosamente marcada pelas paisagens das infindáveis lezírias ribatejanas.

A propósito de uma qualquer piada despertamos e as conversas e os risos subiram de tom. Falou-se de tudo: de trivialidades, das terras que deixavamos para trás, das experiências que levavamos conosco; sempre com participação activa do nosso companheiro. Pelo meio houve quem fosse tentar vender queijo fresco aos restantes passageiros! Tentativa de negócio que não muito frutífera como devem imaginar, mas que nos proporcionou umas belas gargalhadas...

O nosso companheiro deixou-nos no Entroncamento, assim como a grande maioria dos passageiros. Com a carruagem quase deserta, continuamos a viagem, mesmo não tendo pago esse troço. Desinibidos com a escassez de passageiros, demos largas à imaginação e rapidamente montamos um estúdio de fotografia. A risota foi constante até ao destino e as fotos digas de rivalizarem com as famosas fotos artísticas da Ana...

Desembarcamos com os pés pesados, mas ligeiros de espírito.

Digam o que disserem, o comboio não é um mero meio de transporte. É uma forma excelente de conviver que tem a vantagem adicional de nos levar onde queremos!

1 comentário:

  1. q posso dizer para além disto? apenas que foi simplesmente: LINDO.
    adorei o dia passado com vocês, pah.

    so fez falta quem esteve=)


    /joana

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