quarta-feira, 8 de setembro de 2010

D'Aquém Minh'alma: À tona d'água

À tona d'água

Flutuo em lânguido olvido
D'ali e d'além esquecido
Em mim, marasmo momento;
Mergulho em mar calmo e lento.
Fluem as águas salgadas
Em leito ondulante tornadas.
Sobre elas medito suspenso
Que estou entre mim e o imenso.

Oscilo qual pêndulo d'horas
Há muito perdidas. D'aquém e
D'além venho em vagas, vãs horas
Sentidas; balanço perdido.

Perpétua procura pedante
De mim malograda. Perpétua
Minh'alma perdida entre mares
Por fátuo fogo inflamada.

Aqui desencontro-me leve,
Vagueio imerso em fluxo
Corrente sem 'spaço, sem tempo,
Em límpido líquido, livre
De mim e do mais que é nada.
Aqui fico em 'spera qu'engenho
De corpo ou mente; que a ponte,
Eflúvio de louco ou dolente,
Me leve d'aquém a minh'alma.

31 de Agosto de 2010

Sem comentários:

Enviar um comentário

O autor deste blog arroga-se o direito de eliminar quaisquer comentários de conteúdo insultuoso.