domingo, 24 de junho de 2007

Momentos

No fundo foi um conjunto de momentos. Uma tarde prolongada. Rimos, conversamos, andamos de baloiço, aprendeMOS a jogar bilhar… Dissemos e fizemos porcaria – inclusive ajudar à ruína do cesto de basquetebol da Pipa e discutir o que se deviria usar nestes casos: se travessões se parênteses – mas não interessa, visto que isso faz parte. E ainda bemque assim é! Bem, mas pus-me a pensar nessa magnifica tarde em que rimos e choramos – lá vem o travessão outra vez, para dizer que não, não é um exagero porque ela quase chorou com um ataque de cócegas bem merecido; onde é que já se viu roubar-nos uma bola de bilhar – pus-me a pensar dizia eu, o que geralmente não dá muito bom resultado, e conclui que dentro em breve tardes como estas, simplesmente revigorantes, daquelas que nos lavam a alma e o espírito de coisas baixas – leia-se exames – pela convivência com aqueles de que mais gostamos, vão simplesmente deixar de existir. Pronto, não sejamos brutais, peço desculpa, vão passar a rarear – embora toda a gente saiba que isto é um eufemismo barato.

É certo que existirão outras tardes, magnificas também, mas não vão ser as mesmas, porque são as pessoas que fazem os momentos. O tempo pode passar por nós pavoneando-se eternamente jovem e mostrando-nos um sorriso de escárnio. Mas que sorriso amarelo esse! O tempo é o vagabundo deformado e mutante que jaz na valeta, é o ser abjecto e solitário que ninguém reconhece, que ninguém quer conhecer. Recordamos os momentos porque eles nos estão associados a pessoas, às pessoas que nos marcam – por vezes indelevelmente como é o caso. O tempo é o bode expiatório, é o macaco da culpa. É aquela criação a que o criador renuncia. Criámos a noção de tempo, desse eternamente jovem, e renunciámos a ela porque nos fazia “dor de cotovelo”. Nem mais meus caros. Ora já me viram isto? Quer dizer, anda aqui uma pessoa a esfalfar-se uma vida toda e morre ao fim duns míseros 60 anos, e esse mandrião que não faz nenhum senão passar por nós não tem um fim? Ora, é legítimo que cause confusão e desconforto.


Mas, paradoxalmente, ao fazermos essa renúncia tiramos-lhe tudo aquilo pelo qual o renunciámos. É que o tempo tinha mais do que nós, crime abominável, mas ao privamo-lo de nós, tiramos-lhe uma parte essencial: a identidade! O que é o tempo? Pois, dirão que é complicado definir porque é algo de muito abstracto, blá blá blá; não tenham medo de se mostrar ignorantes neste aspecto, é que nisso somos todos. Não o definimos porque não nos dá jeito, quem é que quer estar a “espremer” e compreender algo que nos conduz à velhice, às rugas, à morte? Sejamos francos, não somos heróis românticos com tendências masoquistas: meros humanos é a melhor definição! Mas voltando à identidade do tempo, para ser coerente à não-identidade do tempo, a nossa renúncia fez dele um vagabundo maltrapilho sem ninguém. Em bom português: um Zé-ninguém! Disto resulta, que ninguém pensa que se cruzou casualmente com a prima da vizinha às 16:47 do dia 9 de Agosto de 1998. Depois ainda há os relógios, que não passam de um subterfúgio de uma sociedade facilitista. Senão vejamos, seria complicado pensarmos que íamos ter com aquele amigo ao bar, depois de tomarmos café com o pessoal do liceu, depois de jantarmos com o chato cliente, depois de termos ido às compras à procura de algo para aplacar a fúria de uma namorada irritada, depois de passarmos uma tarde no escritório, depois de termos almoçado com a saudosa e santa mãezinha…podia continuar até o Sol raiar. É de facto mais fácil pensar que temos de tar no bar ás 11h da noite. Em boa verdade as horas, dias, etc., também não existem. Mas não compliquemos.

O que realmente interessa retirar deste estúpido devaneio é que, em última análise, o tempo não passa de algo irreal e realmente decadente e que o que para nós interessa são as pessoas! Podem voltar a haver tardes parecidas, mas nunca vão ser as mesmas. Pelo menos, aquele arco-íris com a mania que sabe jogar bilhar não vai mais brindar-nos com o seu jeito algures entre o inseguro e o arisco, com o seu sorriso, com a sua espontaneidade – repito, passa na cabeça de alguém roubar-nos a bola de bilhar?

Vais fazer falta!

E neste momento eu invejo aquele eterno jovem decrépito e abandonado, porque queria poder parar o tal tempo naquela tarde; ficar ali no jardim da Pipa e gozar do melhor do que a vida tem para oferecer: amigos, Sol, ice-tea, morangos…ah e uma mesa de bilhar!

2 comentários:

  1. ó hugo, entao mas akilo nao era snooker? lool

    E s tivesses explicitado k akela mesa de snooker (ou bilhar?) atraiu mais pessoas durante a tarde do k a propria aniversariante kem lesse o post percebia k akilo foi uma tentativa desesperada (e falhada) d roubar a atençao à mesa...e dps, como não a pude vencer juntei-me a ela...lol..e até k foi giro dada a minha apetencia natural para akilo..lool

    ah, a proposito, mt bom post =)

    beijo

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  2. loool..olha nunca ninguém sabe que nome dar se snooker se bilhar, mas fui a wikipedia ver e parece que aquilo que jogamos é uma variante de bilhar! =)

    lol, o post e bonzito porque tive uma fonte de inspiração fantástica! =)

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