quarta-feira, 30 de junho de 2010

[sic]"On n'est qu'on-même hypocrites!"

Obrigado ao Marco Dias Rodrigues (Aprender, criticando) por me ter chamado a atenção para este vídeo! Um discurso brilhante por Cohn-Bendit e possivelmente uma das poucas vozes independentes que ainda clamam por justiça nas instituições políticas de hoje em dia. Uma análise extremamente interessante e que trás à luz da opinião pública uma perspectiva muito bem apanhada das relações económicas Europa-Grécia e a relação com o conflito cipriota. Vale a pena perder 5min a ouvir.

Finalmente um uso decente para as vuvuzelas!

Vejam os últimos minutos em que estes dois malucos fazem uma performance incrível do Bolero de Ravel. São sem dúvida alguma génios, que tornam estes instrumentos abjectos em algo quase tolerável... Será que conseguiam fazer o mesmo com algumas pessoas? Conhecia alguns sérios candidatos a este tratamento...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Ele há coisas...

Há coisas que são no mínimo caricatas. Daquelas que contadas ninguém acredita. É que aposto que não é preciso ser génio nenhum para se dar a volta à situação de uma forma coerente. E, uma vez mais, tenham bom-senso gente! Dá vontade de dizer: isto só neste país. Leiam a petição aqui incluída e já agora assinem que a causa é meritória...

http://www.peticao.com.pt/encerramento-bnp
Petição Contra o Encerramento da BNP

No passado dia 8 de Junho de 2010 a direcção da Biblioteca Nacional de Portugal [BNP] anunciou que os serviços de Leitura Geral da Biblioteca encerrarão durante dez meses (de 15-11-2010 a 01-09-2011) e os Reservados durante cinco meses (01-04-2011 a 01-09-2011). Como cidadãos e utilizadores da BNP, embora conscientes das inequívocas vantagens inerentes à ampliação do edifício de depósitos da biblioteca, consideramos o planeamento dos trabalhos estipulado inaceitável e solicitamos que seja repensado.

O encerramento durante quase um ano de uma instituição que detém colecções sem alternativas (Secção de Reservados, espólios do Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea, Secção de Periódicos por exemplo) é incompatível com o prosseguimento da actividade científica de largas dezenas de estudantes e investigadores que necessitam desse material.



A indisponibilização dos acervos da BNP comprometerá a viabilização de projectos em curso, muitos deles com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior ou de outras instituições, e porá em causa o cumprimento de calendários e compromissos académicos estabelecidos. O encerramento de uma instituição como a Biblioteca Nacional teria, no mínimo, que ser publicamente comunicado com um ano de antecedência para que as várias partes envolvidas (universidades, instituições de financiamento, estudantes, investigadores) pudessem planear o seu trabalho em função desses dados. É inadmissível que uma determinação deste género seja comunicada apenas com cinco meses de antecedência.

Por outro lado, acreditamos que seja possível levar a cabo os trabalhos de transferência dos fundos de forma faseada, de modo a evitar um encerramento integral tão longo. Independentemente de existirem outras bibliotecas com Depósito Legal, é do conhecimento geral que para uma parte substancial do acervo bibliográfico e documental da BNP não existem alternativas nem em Lisboa nem em nenhuma outra biblioteca ou arquivo do país. Pelo que é absolutamente incompreensível que se proponha que este acervo único permaneça inacessível durante 10 meses.

Solicitamos pois que se proceda a uma reconsideração do plano de transferência, no sentido de:
1) se atrasar o encerramento da BNP para depois de Junho de 2011, para dar um mínimo de um ano de antecedência ao anúncio
2) fasear os trabalhos de modo a reduzir o tempo de encerramento integral dos referidos núcleos da BNP.

Lisboa, 22 de Junho de 2010

Chegou de Expresso porque ainda não há TGV

Chegou ao Expresso (que pessoalmente considero a publicação mais fidedigna da imprensa nacional) o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Numa reviravolta desconcertante, se não inesperada, o semanário converte-se à nova seita linguística endereçada pelos senhores de S.Bento. Não entendo a leveza de espírito com que o jornal publicou a sua decisão, nem como aceita tão cordialmente denominar os espectadores de um qualquer evento com um vocábulo que mais se aplicaria a um bandarilheiro de tourada: espetadores.

Embora entenda a necessidade de evolução de uma língua e a situação dos hífenes e outros detalhes que tais não me façam a menor confusão, não consigo ficar indiferente ao assassínio de palavras como acção, recepção, vector ou baptismo. É que talvez quem de competência se não tenha apercebido, mas embora os cês e pês destas palavras sejam mudos, não são inúteis. Servem para que, quando lemos estas palavras, abramos vogais que de outra forma se deveriam ler fechadas. Assim, lemos "áção" "recéção", "vétor" e "bátismo". Sem as consoantes mudas, passamos a fechar todas essas vogais. Boa sorte para quem quiser falar assim, eu não consigo nem quero.

Embora me escude no facto de a minha rejeição do Acordo Ortográfico se fundamentar em razões linguísticas (fonéticas, etimológicas...), interrogo-me se não serei simplesmente um conservador. Mas não tenho nada contra neologismos ou novas relações semânticas ou novas construções sintácticas, mas isto de mexerem na ortografia desta maneira irresponsável não me cai bem. Esta má disposição, à falta de alternativa que se me afigure, imputo-a ao bom senso.

Claro está que não se poderia esperar que os frequentadores dos Paços de S.Bento padecessem desta minha má-disposição. A lógica, o nexo e a coerência nunca figuraram na lista das suas preocupações; seria ingénuo esperá-lo agora. Esfaqueiam esse pobre coitado do bom-senso sempre que têm oportunidade, qual bandarilheiros, verdadeiros espetadores (sem "c"). Das últimas facadas a mais profunda deve ser aquela da construção de um comboio de alta velocidade entre duas capitais que não parte de uma nem chega à outra. Mas jubilemos, que isso tornou a nossa ligação de alta velocidade à Europa (como se não fossemos já parte desse continente) um passo mais próxima.

E nesses tempos áureos de prosperidade que nos trará o TGV, estas ideias peregrinas como a do Acordo já não precisarão de nos chegar de Expresso, que isso será coisa do passado.

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Dissonâncias d'Aquém e d'Além

Afigurou-se-me ser hoje dia tão bom como outro qualquer para reciclar este velho amigo. O Dissonâncias (I) foi companheiro fugaz de um período marcante da minha existência, os 17 anos. Limpei-lhe o pó, pus óleo nas dobradiças, lavei-lhe a fronte e vesti-o de novas roupagens. Tracei a tinta electrónica um novo nome que sendo talvez mais pomposo (o que não é necessariamente mau), me é também mais querido. D'Aquém o meu pathos, d'Além o dos outros. D'Este e d'Aquele Reinos vos contarei histórias do que lhes sucedeu a partir do dia de 29 de Junho de 2010.