sexta-feira, 14 de setembro de 2007

On being human: Truth

The pure and simple truth is rarely pure and never simple.

Oscar Wilde

Maybe that’s why we lie to each other. Like trolls from the fantastic stories of my childhood, who would kill you just to simplify things, we remorselessly kill truth in a vain attempt to simplify our lives. You lie to me. You’d rather tell me you were stuck in traffic than the pure and simple truth: you just bumped into that old friend of yours. Because to me that wouldn’t be as straightforward as that: you didn’t just bump into him. He was looking for you. Yes, I know he was your childhood sweetheart. Yes, I’d be jealous. You Know me. That, at least, is a pure truth. So you lie. You simplify. You never asked me if I wanted that, though.

Someone saw you speaking, and perhaps something else. Someone told me someone saw. It’s always like that. Then you just deny. To assume your mistakes was never easy to you. It wouldn’t seam a viable option to your pride. Well, honestly speaking, nor would it seam to mine. We argue. Inevitable. We hurt each other. Predictable. We split up. Foreseeable.

The truth would have been everything but simple to tell. I would never expect you to actually tell me the pure truth (I’ve never met someone capable of that). We both know all that. Even so, I demanded it pure and simple. Just the way you could never have done it. You understood my position, though, You would have done exactly the same thing. We both know that. Despite lying to you almost everyday (about your new haircut, your cooking, your lovely cousin, or an unimportant flirt at work), I still find myself in position to demand truth. And, to my amazement, you still find me in that position too.

Now we are apart. The exact way we swore countless times we would never be. Now I cry shamelessly. The exact way I swore myself countless times I would never do. Now you hang out with other guys just for the sake of forgetting. The exact way you swore yourself countless times you would never do. And nowadays, we live lying to ourselves pretending to be someone we are not. That is the pure and simple truth: lying is rarely pure and never simple.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

LONDRES – Tomo I: “À Descoberta”

Tenho medo de fazer isto. Mas já era altura de me libertar deste fardo. Afinal já passou o quê (?), um mês e tal? É, já é tempo de pôr por escrito aquilo que ando a adiar à muito. Tenho de agradecer à Filipa, à minha mais que querida companheira de viagem, por ter tomado esta iniciativa no seu blog. Eu sigo-lhe o exemplo. Afinal, os amigos servem para isto, para partilhar o bom e o mau que nos acontece na vida…E como poderia eu deixar de partilhar convosco a, sob todos os aspectos, melhor experiência da minha vida?

Foram apenas duas semanas dirão muitos. Eu respondo que vivi e aprendi mais nessas duas semanas do que muitos em todo o tempo que por cá andaram. O objectivo, pelo menos o oficial, era aprofundar o meu conhecimento de inglês. No fim, saí de lá a falar inglês ainda melhor, com um francês já aceitável, com mais noções de italiano e a saber dizer alguma coisa de alemão, pelo menos o mais necessário, como por exemplo: Du hast shön blond haar und fantastisch blau augen! Acreditem: serve para qualquer rapariga alemã! ;) Mas muito mais do que as matérias académicas foram as pessoas, as situações, as descobertas, a interacção. Foram 15 dias de descoberta de mim mesmo numa situação em que nunca antes me encontrara (mas não me importarei de voltar a encontrar): uma autonomia e uma independência fantásticas. E não pensem que foi só a falta de pais. Foi o tudo ser desconhecido: a cama, o lugar, as pessoas, as escola, os colegas, os professores… Dá-te uma liberdade quase completa. Afinal ninguém te conhece mesmo! Qual é o problema de declamar “Os Lusíadas” em alto e bom som no meio de Oxford Street? E Piccadilly Circus é um lugar tão bom como outro qualquer para aprender a dançar, desde a valsa ao cha cha cha! Quanto ao cantar, num coro cheio de harmonia e vozes melodiosas, todo os géneros musicais, desde Muse a Toni Carreira, no metro, bem, tirando uns olhares reprovadores de perto de 99% dos transeuntes, não houve nada de mais! Foram 15 dias de descoberta de pessoas completamente novas, mas do mais fascinante! Todas à sua maneira tinham algo de diferente para contar, mostrar ou ensinar. E não há maneira melhor de aprender do que entre pessoal jovem a rir às gargalhadas do pavão, dos torneios de ping-pong, das calinadas da Chio, dos estereótipos culturais ou da falta de habilidade de alguém, muito provavelmente eu, para comer com pauzinhos.

Foram 15 dias de aventura diária, de viagens de autocarro sem destino conhecido, de encontros menos recomendáveis às 3 da manhã, de quilómetros e quilómetros percorridos no meio daquela atmosfera citadina, atarefada, estimulante. 15 dias que souberam a pouco, mas pelos quais agradeço todos os dias.

Como respondia a todos aqueles que vinham ter comigo e perguntavam: “Então e Londres, como foi?”; é impossível sintetizar uma tal experiência em meia dúzia de palavras, e daí o “Tomo I” no título. A medida que me for recordando das experiências lá vividas vou-as publicando aqui neste meu canto dissonante. Não na esperança de que vocês as leiam todas, mas numa necessidade de libertação. Foi bom, foi óptimo, foi do melhor que já me aconteceu. Mas passou. E agora coisas há que requerem atenção e preciso de fechar este livro para abrir o próximo. Espero retoma-lo no próximo Verão (a França espera-nos Filipa!). Afinal, as histórias só têm um ponto final definitivo quando lho querem por.
E esta?…bem…esta terá de viver sem ele!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Ocasos

Algarve, Via do Infante.

A direcção era Oeste.

O relógio marcava 9 da tarde (sim, da tarde, pois naqueles enormes dias solarengos de Julho podemos dar-nos a tais extravagâncias).

O Sol aproximava-se do término da sua jornada diária e as suas línguas de fogo e luz lambiam com indescritível provocação os cumes das serras do interior algarvio. Olhei-o de frente, sim, daquela maneira que não se deve porque faz mal aos olhos. Fascinou-me, prendeu-me. Numa atitude algo camaleónica mudava de cor: do seu característico amarelo relampejante, berrante até, foi enrubescendo, passando por todos os imagináveis tons de laranjas ou alaranjados. E estes seus caprichos contagiavam tudo em seu redor. A ponto de os escassos e etéreos farrapos de nuvens presentes naquele firmamento estival se incendiarem, como que de moto próprio, em tinturas de carmins apaixonados, rosas inocentes e púrpuras reais. E então, subitamente, o astro-rei começou a afundar-se por detrás das serras, como que procurando santuário por um qualquer crime chamejante cometido naquele dia. E como que envergonhado de toda a sua flagrante conspicuidade, ocultou-se numa questão de segundos. Para trás fica todo um trilho de réstias de luz que se confundiam e associavam num caleidoscópio de cores, único vestígio do aparente opróbrio do Grande Astro. Esperava assistir ao dissipar de toda aquele espectáculo até ao advento da penumbra vespertina em todos os seus azuis carregados de promessas de noite e escuridão.

Atónito fiquei, portanto, quando não muito depois, o Astro envergonhado espreitou de novo num dos cumes da serra. E tão subitamente quanto tinha desaparecido, voltou, em todo o seu esplendor, para reclamar à noite alguns instantes para o dia. Mas não conseguiu impor-se contra as leis naturais por muito, e apenas durante uns momentos fui eu capaz de gozar mais um pouco do calor dos seus raios na minha face. E assim, obedecendo contrariado aos imperativos naturais, voltou-se a afundar-se nas serranias algarvias com delongas quase fatalistas. Por cinco vezes se repetiu o fenómeno e não pude evitar pensar na sua singularidade. Aquela sucessão de “micro-dias” e “micro-noites” em espaços de tempo inconcebíveis fez-me pensar no futuro.

Onde estarei eu daqui a uns quantos ocasos?

(Algures no príncipio de Agosto de 2007)

Carta de Amor de um Biólogo

Li isto numa página de Biologia quando andei a pesquisar o Google já não sei bem porquê. Isto é principalmente para ti Ana que só gozas com os biólogos! Have fun!

«Você tem uma nomenclatura muito linda, mas saiba que eu a amaria mesmo que você se chamasse Ergastoplasma... Sabe que quando a vejo, minhas mitocôndrias entram em fermentação, a meiose acelera - se e os meus gâmetas ficam todos assanhados? É verdade porque você tem um fenótipo tão lindo que tenho uma tese de que o seu código genético foi sequenciado por um artista muito inspirado, em plena geração espontânea.
Quando você surge, em movimentos amibóides, bela, túrgida e charmosa, começo a sentir os efeitos das reações físico-químicas no meu organismo. O seu tropismo em relação a mim afecta o córtex do meu sistema sensorial! Ao tocar na sua celulósica mão, os nossos glicocálix encontram-se. E se os seus olhos, perdidos, semelhantes a ocelos de planária, não se cansam de me fixar, é porque a minha antena está ligada a você. A sua cetácea presença mexe com as minhas enzimas, hormonas, neurotransmissores, até a minha cadeia respiratória já não funciona bem , nem mesmo para a coordenação do meu trémulo tríceps. Do meu frontal escorre o que restou de secreção sudorípara. As suas ferormonas tiram-me realmente da homeostase. os seus cílios e pillos causam-me flagelos impensáveis. Palpitações sistólicas rebentam o meu pericárdio.
Ah, querida, e quando quero repôr as perdas metabólicas e a levo a uma pastelaria para posicionar os nossos níveis tróficos, a única gelatina que nos interessa é aquela biomassa saborosa a que chamamos meio de cultura! Mas apesar da nossa relação harmónica em franca evolução, ultimamente você está num estado de isolamento do que foi a nossa protoplasmática simbiose. Sabe, se você continuar tratando-me com tanto acaso, vou me sentir menos que um insecto, um verme! Você dá mais atenção às suas amigas, aquela tal de Drosóphila, à Taenia, a quem, por sinal, nunca fui apresentado, do que a mim... E quem é esse tal de Rhesus, hein? Ah meu Deus! Será que estou com complexo de Golgi? Devo estar entrando naquele ciclo maldito - o ciclo de Krebs... e se esse processo selectivo continuar sou capaz de cometer uma loucura, uma apoptose.
Por favor, não me trate assim de forma virulenta, feito uma amiba ou um "Cavia porcellus porcellus", pois a estes sei que você dedica apenas olhares científicos e sem paixão. Eu não sou uma cobaia de laboratório. Eu não bacilo nem quando fico como um vibrião colérico. Espero que você deduza que o meu sonho é passear abraçadinho consigo igual a um carrapato, num lindo dia de sol, em Galápagos, dizendo para mim mesmo: Cromossomos felizes!"»

Fim e Começo

Acabou-se a papa doce! Ah pois é amigos, já se acabaram as férias. E por isso este blog vai voltar ao activo! E, pela 12ª vez acaba-se um ciclo de descanso para começar o de trabalho. É sempre um misto de sensações nesta altura. Normal, visto ser um término e um início ao mesmo tempo. Há a tristeza e melancolia de um fim e a excitação de um começo. Um dualismo, uma dissonância, uma contradição; como tudo acaba por ser neste blog.

E falando do blog, durante os próximos dias vou publicando umas coisas que fui fazendo ou lendo durante estas férias. Espero que leiam e comentem!

Bem-vindos a mais um ano lectivo dissonante. (Como não podia deixar de ser.)


Fotografia: http://www.fotodependente.com/img1057.htm